Toda e qualquer forma de fanatismo é lamentável. O fanatismo demonstra pobreza de espírito e prepotência de caráter que se expande em quem o agasalha, pretendendo subjugar, quando não consegue conquistar o opositor. Responsável por tricas corrosivas e por guerras de longo curso, fomenta ódios inomináveis que comburem as criaturas que os animam e fulminam aqueles contra os quais são dirigidos. Na raiz da posição fanática encontra-se a presunção apaixonada que se atribui o direito exclusivo e pessoal da verdade em detrimento das demais criaturas. Mesquinho, corrompe a alma, intoxicando-a com morbo deletério de difícil terapia. O fanático possui uma ótica distorcida a respeito da vida e dos acontecimentos, renteando nas fronteiras de graves desequilíbrios da mente e da emoção. Enxergando, somente o que lhe apraz e convence, muitas vezes oculta a insegurança íntima, geratriz do medo e da incerteza que disfarça mediante uma postura falsa, de superioridade agressiva. Compraz-se em humilhar aqueles que lhe não compartem as idéias, auto-realizandos-se através de artifícios de felicidade e paz que está longe de experimentar. Bloqueando o discernimento, o fanatismo se instala. Graça mais amplamente nos lugares onde a ignorância governa. Apesar disso, domina entre pessoas esclarecidas que se submetem a “lavagem cerebral”, perturbando-lhe a razão, desorientando-as. Em todos os períodos da Humanidade, o fanatismo tem contribuído com pesado ônus que vem dificultando o progresso dos homens e a sua liberdade real. A medida em que se assenhoreia do indivíduo dezumaniza-o, açulando-lhe os instintos primitivos que se sobrepõem à inteligência. Na sua progressão assustadora termina por desgastar e consumir aquele que lhe faz vítima. Não abdiques, em situação alguma, do uso da razão. Considera que o conhecimento é infinito. Cada qual se identifica com o saber na razão direta em que estuda, metida e aplica , adquirindo um sentimento elevado de humildade diante de tudo. Quanto mais se sabe, mais amplo se faz o horizonte da sabedoria, convidativo e atraente. Porque os homens estagiam em diferentes degraus da evolução, é lícito compreender que adquirem entendimento dentro das próprias possibilidades, não as podendo, de momento, ultrapassar. Evidente sinal de crescimento moral e cultural é a tolerância em relação aos mais atrasados, aos que pensam diferentemente, com anseio de aprender com os melhor informados, sem a prosápia de deter toda a sabedoria. Desse modo, não imponhas as tuas convicções aos outros, especialmente as ordem religiosa. A fé racional e clara, é estágio que se conquista a esforço pessoal, intransferível. Convidado a expor tua crença, fá-lo com naturalidade, sendo sincero para contigo mesmo e fraterno para com seu ouvinte. Poupa-te a desagradável e descortês atitude de crítica improcedente às opiniões e confissões alheias. Demolir sem recursos de edificar é mal de grave consequência. Sê severo para contigo e permite que os outros sejam liberais na sua forma de vida e comportamento. O fanatismo faz muitas vítimas, que se desajustam e atormentam os outros nas modernas comunidades da Terra. Não lhe reforces as fileiras. Sábio por excelência, Jesus nunca se impôs, jamais se rebelou, não agredindo em circunstância nenhuma. Instado a polêmicas vazias, devolvia as interrogações e ilustrava o seu pensamento com notáveis parábolas que desanimavam os opositores gratuitos por falta de argumentos deles, sem discutir nem debater. Simples e convicto, expôs sem impor apresentando as notícias do “reino de Deus” sem que se utilizasse de quaisquer sofismas ou artifícios verbalistas, muito do agrado dos polemistas e fanáticos de todos os tempo. (Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco, s/d, publicado no Tribuna Espírita, ano V, no 35, 1987. Respeitadas a ortografia e pontuação da publicação) |
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